A maioria das pessoas tem esta impressão. Mas isso pode ser um alerta importante sobre como você está conduzindo a sua vida!
As formas de medir o tempo foram criadas pelo homem apenas como um meio de organizá-lo; entretanto, não existe um tempo universal. O tempo psicológico (percebido) e o tempo cronológico (medido) são diferentes, além da nossa percepção temporal mudar no decorrer da vida. Daí vem a sensação de muitas pessoas que o tempo está passando cada vez mais rápido. Isso tem explicação científica e diversas implicações em nossas vidas. Vamos a elas…
Embora a percepção do tempo não esteja associada a um determinado sistema sensorial, psicólogos e neurocientistas sugerem que os seres humanos têm vários sistemas complementares que regem à percepção do tempo. O sistema cerebral de registro da passagem do tempo, embora não esteja totalmente claro, certamente leva em conta emoções, expectativas e o quanto as tarefas exigem do cérebro e dos nossos sentidos. Os cientistas já identificaram que o alto processamento de informações e estímulos provoca a impressão de que o tempo se dilata, em decorrência da maior atividade das funções cognitivas, como atenção, memória e percepção.
Para deixar claro, o fenômeno psíquico da dilatação acontece quando julgamos que um acontecimento durou mais do que realmente foi; já a sensação de fluidez é a impressão de que o tempo está passando mais rápido. Os fatores que influenciam estes fenômenos são diversos, mas podemos analisar, de uma maneira objetiva, a relação entre a atividade cerebral e a percepção do tempo.
A dilatação do tempo psicológico acontece toda vez que percebemos uma quantidade de informações sensoriais em uma velocidade maior do que o comum. A alta densidade de dados registrados em um espaço curto de tempo cronológico gera a sensação de que a extensão temporal de um evento se alargou. O contrário também é verdadeiro: a fluidez temporal é resultado de um estado em que há uma quantidade baixa de estímulos, o que acarreta a impressão de que o tempo está passando depressa.
Também podemos relacionar, a percepção temporal com a quantidade de energia gasta pelo cérebro. Ou seja, o aumento da atividade cerebral é proporcional à dilatação da percepção de tempo. Por conseguinte, o baixo consumo energético implica na sensação de maior fluidez.
Dessa forma, se explica a razão pela qual viagens de volta são sempre mais rápidas do que as idas. Também explica, porque, à medida que envelhecemos, o tempo parece passar mais rápido: desenvolvemos representações mais compactadas de eventos e as memórias são empobrecidas. Quando somos criança e tudo é novo, a riqueza da memória dá a impressão da passagem do tempo de forma mais lenta.
É também por isso que a maioria das pessoas se lembra muito mais vividamente daquilo que aconteceu entre os 15 e os 25 anos. O motivo é simples: geralmente, é nessa época da vida que temos mais experiências novas. E coisas novas tendem a ter um tratamento especial do tempo mental, que parece percebê-las como mais duradouras. Ou seja: se existe um período da nossa vida que pareceu particularmente longo, há chances que tenhamos tido muitas experiências novas durante aquela época. Em contrapartida, quando vivemos em constante rotina, muitas vezes no “piloto automático”, temos a percepção de que o tempo passa sem percebermos!
O que demora mais, o mês antecedente às férias ou o próprio mês de férias? A ansiedade, estresse e tensão também influenciam na percepção do tempo e, conforme aumentam, involuntariamente expandem a atividade do sistema nervoso. Sempre queremos que os momentos de desconforto passem rapidamente; contudo, essa expectativa, ao aumentar a atividade cerebral, só piora a situação, causando um efeito rebote. Em tais casos, pode-se fazer o uso da intenção paradoxal. Na aplicação dessa técnica, procura-se interromper a tendência de tentar fugir dos sintomas. Ao contrário, devemos fazê-los deliberadamente à consciência e exagerá-los. Quanto menor a aversão, menor a tensão, diminuindo a atividade cerebral requerida. Assim, a maior fluidez do tempo percebido faz a ocorrência incômoda dissipar-se.
Conforme mencionado, o tempo aparenta passar cada vez mais rápido conforme envelhecemos, pelo fato de vivenciarmos cada vez menos imprevistos. Se você julga que o tempo está avançando muito rápido, comece a fazer coisas diferentes, ofereça novos estímulos ao seu cérebro. Pode ser desde um hobby novo ou simplesmente pegar uma rota distinta no caminho de casa.
Na verdade, você não precisa fazer coisas completamente novas, mas olhar diferente para as coisas que você já faz também funciona. Repare mais, busque detalhes que você não enxergou antes. Force seu cérebro a registrar algo que ele ainda não havia registrado. Isso vai fazer com que você, verdadeiramente, viva todo o tempo que você está vivendo. Meditação também ajuda, porque ela é baseada na atenção plena – o mindfulness, um estado mental que também obriga o cérebro a observar e absorver sensações corriqueiras com mais atenção e concentração e, portanto, como novas sensações.
Então, fica o meu recado: ative seu cérebro e não deixe o tempo (sua vida) escorrer por entre seus dedos!
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Prof. Álvaro Flores