A mudança nossa de cada dia

A mudança nossa de cada dia

A mudança não é um tema de hoje. Há 2.500 anos os filósofos já observavam que todas as coisas estão continuamente mudando. O que é cada vez maior é a velocidade em que as mudanças ocorrem. E aí vem a grande questão: como viver em um mundo em constante e acelerada mudança.

A questão vale para os diversos aspectos de nossa vida: pessoal, profissional e organizacional. Como viver em um mundo em constante e acelerada mudança?

E o questionamento não é de agora, pois já na antiguidade, os primeiros filósofos observavam que tudo muda continuamente. O exemplo mais popular é Heráclito de Éfeso (535 – 475 a.C.), considerado um dos mais eminentes pensadores pré-socráticos, que refletia sobre o problema da unidade permanente do ser diante da pluralidade e mutabilidade das coisas transitórias. Dentre célebres frases de Heráclito, que abordam a mudança, pode-se destacar:

“Nada é permanente, exceto a mudança.”

“Ninguém entra em um mesmo rio uma segunda vez, pois quando isso acontece já não se é o mesmo, assim como as águas já serão outras.”

 “Tudo flui, nada persiste, nem permanece o mesmo.”

O que temos presenciado, em particular nas últimas décadas, é que as mudanças ocorrem cada vez mais rapidamente, pela conjunção de uma série de fatores. Talvez a maioria das pessoas relacione esta velocidade das mudanças aos avanços tecnológicos. Com certeza é um fator preponderante, mas o resultado também passa por questões sociais e culturais, pois de nada adiantaria a tecnologia se não houvesse a predisposição para sua utilização. E o que vemos hoje é uma profusão de “tecnólatras” (não encontrei a palavra no dicionário, mas creio que os leitores entenderam). Mas o tema deste artigo não é a tecnologia, mas a mudança… Então voltemos a ela!

Se de um lado o mundo muda, e muda cada vez mais rapidamente, por outro lado encontramos no ser humano uma resistência natural à mudança. Fiquei curioso por entender por que as pessoas buscam constantemente a zona de conforto e, em lá estando, tem uma dificuldade muito grande em sair dela, e encontrei uma teoria bastante interessante no “trauma do nascimento”.

O trauma do nascimento é um tópico extensamente considerado em psiquiatria, sobretudo pelos psicanalistas. O conceito foi descrito de um modo abrangente por Otto Rank (1884-1939), que sustentou serem as circunstâncias do nascimento profundamente gravadas na psique do bebê, e suscetíveis de reaparecerem em forma simbólica nos pacientes psiquiátricos.Afirma a teoria que a existência intrauterina é inteiramente feliz, na medida em que está livre de todos os conflitos de natureza psíquica, e que o ato de nascer é marcado por uma conturbação radical dos pontos de vista psíquico e físico; produz um choque psíquico de grandes consequências, um trauma de que a pessoa nunca mais se refaz. Rank sustenta que certas pessoas estão sempre tentando reconstituir as condições de existência intrauterina. Em suma, tentando recuperar o conforto do ventre materno e também por consequência, evitando qualquer mudança que provoque desconforto.

E como toda a mudança provoca desconforto, conclui-se que a aceitação da mudança não é um processo natural. Mas é um processo inevitável. Então o que fazer?

 

PREPARAÇÃO PARA A MUDANÇA

Se não nascemos preparados para a mudança temos que aprender com ela. E infelizmente esta não é uma disciplina que seja ensinada nos bancos escolares. É na escola da vida que temos que fazer o curso de preparação para a mudança! Com o intuito de auxiliar o leitor neste desafio, seguem algumas dicas:

 

A mudança vem de dentro

Não espere que os outros mudem por você. A mudança vem de dentro para fora. Afinal, só temos completa gerência sobre uma pessoa: nós mesmos. E como dizia Jim Rohn

 “Para que as coisas mudem, você precisa mudar. Para que as coisas melhorem, você precisa melhorar.”

Então não queira que o seu parceiro ou parceira mude. Não espere que seu colega ou chefe mude. Não espere que a empresa mude. Não espere que o governo mude… Faça por si mesmo e seja um indutor da mudança. Você mudando, há uma grande probabilidade de que as pessoas à sua volta comecem a mudar. Afinal, somos seres energéticos, e ao mudar nossa frequência induzimos a mudança da frequência de quem está ao nosso lado.

 

Pense diferente

A mudança é mental! Nossos paradigmas estão única e exclusivamente em nossas mentes. Então o exercício mental da mudança é o primeiro passo da preparação para a mudança. E o primeiro paradigma mental a ser eliminado é o conhecido como “Síndrome de Gabriela”, referência a Modinha para Gabriela de Dorival Caymmi, que diz:

[…] Eu nasci assim, eu cresci assim

Eu sou mesmo assim

Vou ser sempre assim

Gabriela, sempre Gabriela […]

Os fatos, condições, perspectivas e ações que nos trouxeram até aqui não são as mesmas que nos levarão para frente. O status quo (que em latim significa estado atual), não pode ser mantido o mesmo. Ou como dizia a famosa campanha da Apple: pense diferente. Sempre…

 

Aja diferente

A única coisa que eu conheço que melhora ficando parado é o vinho! Fora isso, não vejo melhoria (que efetivamente é a mudança positiva que desejamos) em nada que não se coloque em ação. Thomas Edison já dizia:

“O sucesso é 5% de inspiração e 95% de transpiração.”

 Então não adianta só pensar diferente. Tem-se que agir diferente. Evoluir continuamente. Fazer acontecer e fazer isso de forma sistemática.

 Todos conhecem (talvez alguns não se recordem) a primeira lei da mecânica de Newton, conhecida também como Lei da Inércia que diz:

 “Um corpo em repouso tende a continuar em repouso”

 … mais uma vez demonstrando a tendência à posição estática. Agora, quando agimos sobre este corpo ele se movimenta. E a energia gasta para movimentar este corpo (tirar da condição de inércia) é maior do que a energia necessária para manter este corpo em movimento. Ou seja, é importante se colocar em ação e manter esta ação constante. E a decorrência natural da lei de Newton é que

“Um corpo em movimento tende a continuar em movimento”

 C.Q.D (conforme queríamos demonstrar)

 

Um pouco a cada dia

Não precisamos de mudanças radicais. O bom exercício é a mudança incremental. Um pouco a cada dia, mas todos os dias, todos os dias… (lembrando a dica anterior)

E como a mudança vem de dentro, não é com os outros que nós temos que nos comparar. Aliás, a comparação com os outros pode causar dois resultados indesejados: se feita com alguém muito melhor, vem a desmotivação ao pensar que não será possível alcança-lo; se com alguém pior, a acomodação, ao pensar que já estamos numa condição adequada.

Compare-se consigo mesmo. Busque ser um pouco melhor hoje do que você foi ontem e um pouco melhor amanhã do que você é hoje. Para isso estabeleça as suas métricas, pois para incrementar algo, você precisa medir a situação atual. Um rápido exemplo: eu pratico running (corrida de rua) e na maioria das vezes corro sozinho, sendo fundamental ter um cronômetro, pois o objetivo é que o meu tempo seja cada vez melhor e a distância cada vez maior. Um pouco a cada dia…

 

Exercite a mudança

Existem alguns exercícios simples e cotidianos que podem ajudar a manter a mudança presente no nosso dia-a-dia. Aproveite e insira alguns deles na sua rotina, para sair da rotina!!!

  • Experimente fazer um caminho diferente para ir para casa ou para o trabalho. Isso fará seu cérebro sair do automático e realizar novas sinapses.
  • Mude alguma coisa na sua casa ou estação de trabalho. Normalmente os resultados são surpreendentes, pois lhe dá uma nova perspectiva sobre a mesma coisa.
  • Troque o perfume e experimente novos pratos. Estimule outros sentidos (olfato e paladar) também à mudança.
  • Converse com estranhos. É um exercício desafiante, em especial para os tímidos, e que além de ajuda no nosso propósito pode fazer você conhecer novos amigos (ou até, quem sabe, algo mais…)

 

Espero que estas dicas ajudem você a mudar e alcançar o SEU SUCE$$O, pessoal, profissional e organizacional!

 

Álvaro Flores
Palestrante e Consultor