Comece pelo porquê

Comece pelo porquê

Nas mais diversas situações do dia-a- dia, para que as pessoas se coloquem em ação é necessário um motivo. E uma falha muito comum é não identificar claramente este motivo.

A origem do fato é natural. Sir Isaac Newton, já descrevia o fenômeno em sua primeira lei, conhecida também como princípio da inércia, que postula que “qualquer corpo em repouso continua em repouso até que sobre ele seja exercida alguma força”. E isso foi escrito lá nos idos de 1687…

Mais recentemente, estudos neurocientíficos demonstraram que este fenômeno não é válido apenas para os corpos inanimados, mas também para os seres humanos. Nosso cérebro reptiliano, a estrutura mais primitiva e responsável pelas nossas reações básicas e instintivas, é programado para garantir a sobrevivência e a reprodução da espécie. Devido à escassez de nutrientes disponíveis no início do processo evolutivo (e agora estamos falando de alguns milhões de anos atrás), o cérebro reptiliano foi programado para economizar energia, mantendo o animal (ainda não éramos Homo Sapiens) em repouso, guardando os esforços para os momentos de ataque e fuga (necessários para garantir a sobrevivência) e para o sexo (obviamente necessário para a reprodução…). Se está na dúvida, repare no comportamento dos répteis, que até hoje têm apenas este nível cerebral…

Pois bem, apesar da evolução e do desenvolvimento dos outros dois níveis do nosso cérebro, o emocional ou límbico (responsável pelas emoções) e o neocórtex (nosso cérebro lógico e racional), o reptiliano continua a desempenhar as suas funções, dentre elas, a de economizar energia, apesar de não haver mais a escassez dos nutrientes. Daí podemos concluir que a primeira lei de Newton, também é válida para o ser humano, ou seja, qualquer pessoa não vai se por em ação até que sobre ela seja exercida alguma força psicológica!

Podemos então chamar esta força de “motivo à ação”, ou para descomplicar, motivação. No dicionário encontra-se algumas definições comportamentais para a palavra, como: ato de despertar o interesse para algo; conjunto de fatores que determinam a conduta de alguém; processo que desencadeia uma atividade consciente. De certa forma, todas corroborando o sentido original, de algo que nos tira do estado de inércia.

Concluímos então, que para que algo seja feito, é necessário um motivo.

 

IDENTIFICANDO O MOTIVO

Para agirmos precisamos de um motivo. (ponto) Portanto, nossas ações dependem de termos identificado um porquê, maior que a tarefa em si (o que) e do seu desdobramento (como). E é aí que reside um problema crucial…

Seja sincero: o que lhe parece acordar as 6:00 da manhã num dia frio de inverno (e talvez com alguma chuva), levantar da cama quentinha, fazer a higiene pessoal, vestir pouco mais que um calção e uma camiseta, calçar um par de tênis e sair correndo rua a fora por 10 quilômetros? Talvez alguns leitores tenham se arrepiado só de imaginar a cena e a maioria deve ter pensado algo como “que suplício”…

Entretanto, se agora eu perguntar: você quer chegar aos 80 anos de idade (ou mais), com saúde, bem disposto e sexualmente ativo? Tenho certeza que todos responderão que sim! E aí está o ponto!

Se identificarmos o porquê (chegar aos 80 como descrito), facilmente incluiremos a atividade física como hábito em nossa vida (o que) e acordar as 6:00, levantar da cama, etc. (como), se tornará uma atividade natural e até mesmo prazerosa!

O problema, o grande problema, é que muitas vezes, começamos pelo lado errado. Focamos no o que ou no como, sem nos perguntarmos o porquê. É neste sentido que desenvolvi a Técnica POC.

 

TÉCNICA POC

Esta técnica tem um grande número de indicações. Aplicado a nossas atividades pessoais, a técnica é extremamente eficiente para acabar com a procrastinação, para desenvolver novos (e bons) hábitos e fantástica para fazer com que as atividades se tornem mais prazerosas. Da mesma forma, nas atividades profissionais, pode ser aplicada na delegação eficaz, na administração do tempo e no desenvolvimento da liderança. No nível empresarial é chave para o planejamento estratégico e muito útil na avaliação de oportunidades de negócios.

E sua aplicação é extremamente simples! Aliás, simplicidade que é o auge da sofisticação. Basta você fazer, para você mesmo, para seus liderados, para seus sócios, três perguntas, obrigatoriamente nesta ordem:

1º. POR QUE devo (deve ou devemos) fazer?

2º. O QUE devo (deve ou devemos) fazer?

3º. COMO devo (deve ou devemos) fazer?

Daí o POC, um acróstico que serve como um gatilho para aplicarmos de forma correta a técnica.

POC

 

Para deixar mais claro ainda, vou dar um exemplo de aplicação na delegação. Um dos principais erros da delegação, é quem delega estruturar demais a tarefa para o delegado, sem deixar claro o objetivo a ser alcançado. Ou seja, uma típica inversão, onde se explica o como e não se deixa claro o porquê. Além de não permitir que o delegado utilize ao máximo as suas capacidades, pois a tarefa já vem estruturada, não se consegue o comprometimento do mesmo, pois não se explica o motivo, ou seja, não se tem motivação!

Utilizando a Técnica POC, em primeiro lugar quem delega deve deixar claro o objetivo (por que) a ser alcançado pela tarefa (o que), deixando o delegado utilizar todas as suas capacidades na ação (como). Simples e altamente eficaz!

Experimente hoje mesmo incluir esta técnica na sua vida. Identifique os seus porquês: pessoais, profissionais e organizacionais. Alcance seus objetivos!

E para finalizar, guarde consigo esta frase:

“Quem tem um porquê, sabe o que e encontra o como”.

Forte abraço e SUCESSO!!!

 

Prof. Álvaro Flores

Consultor, coach e palestrante