A mudança é um processo. E como tal pode – e deve – ser gerenciada. Para tanto é necessário compreender suas fases e analisar de que forma podemos obter os melhores resultados.

De uma forma simplificada, em qualquer processo de mudança podemos identificar três estados, que devem ser bem entendido, para poderem ser trabalhados. A figura 1 identifica os três estados.

O primeiro é o estado atual, que é onde você está hoje. É natural que você se sinta confortável neste estado. É a sua zona de conforto. Para que a mudança aconteça, o principal questionamento a ser feito é “por que sair daqui”? Aí entra a necessidade de trabalhar a consciência e a decisão de mudar. Também pode acontecer que o estado atual seja desagradável, e que seja prioritário ou urgente que se modifique o status quo. Neste caso, a consciência tende a estar formada, sendo apenas necessário tomar a decisão de iniciar o processo.

O segundo é o estado de transição, que obrigatoriamente deve ser ultrapassado para atingirmos o estado futuro, que é aonde se quer chegar. De início, o estado futuro é desconhecido ou pode não ser bem compreendido. Neste sentido é importante ter a clareza “do que eu ganho com isso”, que é o grande motivador para tomar a decisão e dar início ao processo.

Neste artigo quero abordar mais especificamente o segundo estágio ou estado de transição. É neste momento do processo que há grande geração de estresse e ansiedade. É onde ajustes muitas vezes devem ser realizados. É o período no qual também podemos ter queda nos resultados. É onde tem-se a “barriga da mudança”, que eu prefiro chamar de fase instável da mudança.

Se esta fase não for adequadamente conduzida, os efeitos serão observados no estado futuro, não se atingindo ou pelo menos não atingindo plenamente, os resultados esperados. A figura 2 ilustra este efeito.

É na fase de transição que temos que utilizar de forma eficiente e eficaz as técnicas e ferramentas que nos permitem diminuir a natural resistência à mudança bem como entender as perdas que podem acontecer neste processo. Não sei se você, caro leitor, já passou pela experiência de fazer uma reforma em sua casa ou apartamento tendo que morar nele. Parece o caos, não é verdade? Dá vontade de largar tudo. Ah, se arrependimento matasse… Mas persistindo, e conduzindo adequadamente o processo, o resultado final é recompensador!

Mas vamos lá. O que devemos entender a respeito desta fase, que é determinante no sucesso da mudança:

1º. Vai haver preocupação e incerteza

Mesmo que tudo tenha sido minuciosamente planejado (o que é extremamente recomendável) existe uma série de fatores externos que não são controláveis. No exemplo da reforma, não temos como garantir se as condições climáticas vão ser favoráveis ou não. Isto naturalmente gera preocupação e incertezas. Até aí, tudo bem, é natural. Mas estas condições devem ser controladas para que não se chegue ao nível de risco do abandono do projeto de mudança.

2º. Vai haver resistência

A resistência à mudança é natural e já ocorre na passagem do estado atual para o estado de transição. Mas nesta fase, estamos efetivamente na implementação da mudança e a resistência vai aparecer. Voltando ao exemplo da reforma, imagine a resistência natural em ter que passar alguns dias na casa da sua sogra! Novamente as questões não planejadas podem trazer mais insegurança, aumentando o risco.

3º. Vão haver perdas

Também é natural que nesta fase hajam perdas. Pode ser um tempo maior até se ajustar a um novo processo; perda de produtividade, até se adquirir proficiência na nova atividade; custos maiores ou redução de receitas até se obter o retorno esperado. Estas perdas também devem ser calculadas e consideradas no planejamento e principalmente encaradas com naturalidade.

A figura 3 ilustra os níveis de risco nesta fase. A zona verde representa a zona de conforto e segurança, correspondente ao estado atual e também esperado no estado futuro. A zona amarela representa a condição de preocupação e incerteza com as potenciais consequências negativas acarretadas pela mudança. A zona vermelha representa uma condição de alto risco onde é possível que haja o abandono ou descontinuidade no processo.

O caminho que você vai seguir neste processo vai depender exatamente da eficácia na condução do processo. O objetivo é passar o mínimo de tempo possível nas zonas amarela ou vermelha, como mostra a curva 1 da figura 4 (vale registrar que é natural invadir a zona amarela). A curva 2 ilustra um processo que teve falhas de condução, sendo que a curva 3 representa um processo que não chega ao fim e consequentemente, não se obtém o resultado esperado.

Para conduzir o processo de forma mais próxima do ilustrado na curva 1, vamos a algumas recomendações para que a fase instável da mudança seja gerenciada de forma mais efetiva:

* Encare as perdas de forma natural. Como vimos elas são características deste estado de transição. Não se faz omelete sem quebrar os ovos, ou não se faz reformas sem quebrar as paredes…

* Tenha a consciência de que pode não ser fácil. Normalmente não é, mas tenha certeza que vai valer a pena (a dor, o investimento, etc.).

* Visualize o estado futuro desejado. Isto lhe dará mais energia e motivação (motivo para a ação) para implementar a mudança.

* Controle a ansiedade. A velocidade pode não ser aquela inicialmente projetada. E no exemplo da reforma, certamente não será. Mas você vai chegar lá. (E até receberá com alegria a sua sogra na casa reformada…)

* Seja persistente! Não desista ante as dificuldades. O que diferencia as pessoas de sucesso das fracassadas é que as primeiras não desistiram antes de chegar ao fim.

Entenda o processo e alcance o seu resultado.

SUCESSO!!!

Álvaro Flores

PROSCI ® Change Management Practitioner