CONTÁGIO EMOCIONAL

CONTÁGIO EMOCIONAL

Como seres sociais, somos influenciados pelo ambiente com o qual interagimos. Então, cuidado com as situações que você se permite!

 

Você já deve ter percebido que, quando chega em um ambiente com pessoas sorrindo, falando de forma descontraída e alegre, você se sente bem e muito rapidamente também está sorrindo e falando como as pessoas que já estavam ali. E, de forma contrária, se você chega em um local onde as pessoas estão tristes, de cara fechada, ou ainda se estão discutindo entre si, a tendência é de você se sentir da mesma forma. Isso, independentemente do seu estado anterior.

Esta capacidade de imitar, geralmente sem esforço consciente, as emoções e expressões das pessoas que estão ao nosso redor é conhecida como “contágio emocional”. Estudos mostram que a carranca ou o sorriso no rosto de outra pessoa têm reflexos no cérebro de quem assiste. Ou seja, somos inatamente vulneráveis a absorver as emoções de outras pessoas. Isso é explicado pela existência, em nosso cérebro, dos neurônios-espelho (uma comprovação simples da ação destes neurônios é quando uma pessoa boceja próximo de você, e logo você também estará bocejando).

Recentemente, as psicólogas Gerben van Kleef e Stéphane Côte (respectivamente da Universidade de Amsterdã da Universidade de Toronto), publicaram na Annual Review of Psychology, um artigo que corrobora o fato de que as emoções são inerentemente sociais e não restrita ao interior de uma pessoa. As pesquisadoras também confirmam que as emoções se espalham entre as pessoas.

O problema é o contágio emocional negativo, que nos contamina com estresse, agressividade, tristeza e outras emoções e sentimentos que nos prejudicam.

 

AMBIENTE SOCIAL EXPANDIDO

Atualmente, nosso contato social não se dá apenas no formato “presencial”. Passamos a interagir, cada vez mais intensamente, através dos meios virtuais. E as interações através da Internet e das redes sociais influenciam o cérebro da mesma forma que as interações físicas. 

Estamos vivendo um momento em que a disseminação de emoções através destes meios é cada vez mais intensa e de alto impacto, quer seja pela capacidade de atingir um grande número de pessoas (capilaridade), quer seja pela intensidade que é obtida a partir dos recursos midiáticos (produções facilmente realizadas por qualquer pessoa que tenha um celular e acesso a alguns aplicativos).

Vejo pessoas que estão sendo altamente contagiadas, na maioria das vezes de forma negativa, por estes ambientes, repletos de fake news, discursos de ódio e os mais diversos “ismos” e “fobias”.

 

AUTOCONSCIÊNCIA

O mesmo artigo anteriormente citado, traz evidências de que a capacidade de identificar com precisão as emoções de outras pessoas e a capacidade de regular as próprias emoções são cruciais para interações sociais bem-sucedidas. Mas, para isso é necessário exercitar a autoconsciência. Mesmo porque as emoções são inconscientes e apenas conseguimos percebê-las e podemos, de certa forma, controlá-las, quando as trazemos para nível consciente! Portanto, é necessário treinar a capacidade de perceber o estado emocional do outro e estabelecer os limites deste sobre a nossa própria emoção.

A autoconsciência também é fundamental para assumirmos a responsabilidade sobre a qualidade das emoções que passamos para os outros. Ou seja, uma boa saúde emocional começa com a consciência de nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos. É necessário desenvolver o discernimento do que se deve e do que não se deve repassar adiante.

 

ANTÍDOTOS PARA EVITAR O CONTÁGIO EMOCIONAL NEGATIVO

Uma vez consciente da transmissão das emoções através de vários meios, podemos estabelecer estratégias para não sermos contaminados negativamente. Vejamos alguns antídotos para isso…

 

Seja seletivo com as pessoas

Selecione de uma forma bastante crítica os ambientes que você frequenta. Evite aquelas pessoas que são “negativas por natureza”. (Você já deve ter pensado em algumas delas no momento que está lendo este artigo!). Mesmo que estas pessoas façam parte de seu convívio familiar, busque alternativas para evitar ou pelo menos reduzir o contato. 

 

Seja seletivo com as conversas

Não entre na vibe das outras pessoas. Se o assunto da conversa é negativo, não dê mais “pano pra manga”. Assim que possível troque de assunto. Busque trocar temas negativos por assuntos positivos.

 

Seja seletivo com as notícias

Povoe seu cérebro com notícias boas. Evite notícias de tragédias, crimes, desastres. Elas não agregam nada a você e criam uma descarga de cortisol (o hormônio do estresse) que gera um ciclo vicioso e proporciona um mal-estar crônico.

 

Saiba dizer não!

Sempre digo que “o não bem dito (bendito) é melhor do que o sim mau dito (maldito)”. Se você tem dificuldade de dizer não para não magoar a outra pessoa, lembre-se que nestes casos vale a letra daquele samba cantado pela Beth Carvalho “mas cá pra nós, antes ele do que eu”.

 

Seja seletivo nas redes sociais

Reduza o tempo que você fica vendo postagens negativas. Bloqueie aquelas pessoas que vivem postando mensagens que inspiram raiva, tristeza e medo. Compartilhe apenas mensagens positivas e que podem elevar o astral – seu e de outras pessoas.

 

Em suma, tome as rédeas da situação. Afinal são as suas emoções que vão afetar os seus comportamentos e eles os seus resultados!

 

Prof. Álvaro Flores