EU SOU NINGUÉM E NÃO SOU TODO MUNDO!!!

EU SOU NINGUÉM E NÃO SOU TODO MUNDO!!!

Tenho ouvido muitas expressões do tipo: “Ninguém faz mais isso”, “ninguém gosta disso”, “ninguém mais usa isso”. Ou ainda: “todo mundo usa”, “todo mundo quer”. Será que eu sou ninguém e não faço parte do mundo?

 

Do ponto de vista técnico, estas falas são decorrência do processo de generalização, que o nosso cérebro adora! Sim, o cérebro adora padrões. Só que, muitas vezes, ele vê padrões onde eles não existem. Também é comum, que a partir de informações parciais ou incompletas, ele (nosso cérebro, ou seja, nós mesmos) transforma um único fato em um padrão.

A generalização entra em cena quando começamos a aplicar padrões a um grupo maior de eventos. É uma espécie de atalho mental para lidar com o grande número de informações que recebemos diariamente. No entanto, é bom lembrar que nem sempre essas generalizações são precisas ou justas e também pode levar a estereótipos e preconceitos.

De acordo com a PNL, a generalização é um dos três princípios da modelagem humana; o processo pelo qual uma experiência específica passa a representar toda a categoria de experiências a que pertence. Nós fazemos afirmações gerais sobre o que acreditamos, como vemos os outros, os nossos valores, etc. Consequentemente, ignoramos possíveis exceções ou condições especiais.

Tenho visto isso acontecer cada vez com maior frequência com uma série de questões que podem gerar distorções em tomadas de decisões, tanto pessoais como organizacionais. Vamos a alguns exemplos, citando alguns “bordões” que tenho ouvido frequentemente…

 

Ninguém mais usa o Facebook

O Facebook é a terceira rede social mais acessada pelos brasileiros. Além disso, a plataforma segue sendo a mais utilizada em todo o mundo, com mais de 2,9 bilhões de contas ativas. Dessas, 116 milhões são brasileiras – e uma delas é a minha! Fato que, entre 2022 e 2023, o alcance potencial dos anúncios no Facebook caiu em 7 milhões de pessoas no País, segundo a revisão da Meta. Entretanto, como aponta o relatório “Digital Brazil: 2023”, os internautas no Brasil ainda passam 12 horas e 18 minutos, em média, por mês no Facebook. Não podemos subestimar uma rede social em que 83% dos usuários brasileiros entram nela pelo menos uma vez ao dia.

 

Ninguém mais usa e-mail

Todo dia 250 bilhões de e-mails são enviados no mundo. A utilização do e-mail tem grandes vantagens sobre outras ferramentas de troca de mensagens. Vale citar algumas delas:

  • Formalidade e profissionalismo: A linguagem que utilizamos no e-mail é frequentemente mais formal e profissional.
  • Armazenamento e organização: E-mails permitem uma organização mais eficiente de mensagens. Podemos arquivar e categorizar e-mails para referência futura, o que é um desafio no WhatsApp, por exemplo. Eu, particularmente, não aprendi a fazer follow-up no WhatsApp.
  • Anexos e conteúdo rico: E-mails facilitam o envio de anexos e conteúdo mais rico. Se você precisa compartilhar documentos extensos, apresentações ou arquivos multimídia, o e-mail é mais prático.
  • Comunicação com “não-contatos”: O e-mail é uma forma mais universal de comunicação, enquanto o WhatsApp, geralmente, requer que ambas as partes tenham o aplicativo.

 

Ninguém mais escuta rock

Apesar do crescimento de outros gêneros musicais, o rock’n’roll não morreu. Se você for a um show de rock (sim, alguns dinossauros ainda estão entre nós), vai ver três gerações vibrando e cantando, dos clássicos aos novos lançamentos. Constatei isso muito nitidamente, quando da última turnê do Scorpions no Brasil, em que tive o prazer de ir com o meu filho. Além disso, bandas como Jethro Tull (a minha favorita) ainda estão lançando discos. Em vários formatos: streaming, CD e vinil.

O rock é o terceiro gênero musical mais escutado no Brasil, segundo levantamento feito pelo Spotify. Os dados indicam que o gênero serve de inspiração para mais de 70 milhões de playlists criadas por usuários no serviço de streaming no mundo e aproximadamente 6 milhões no Brasil. 

O outro lado da generalização é dizer que “todo mundo faz isso”, “todo mundo gosta daquilo”. Isso também tem a ver com um viés: o da conformidade de grupo. Essa generalização é um daqueles atalhos mentais que simplificam demais a realidade. O mundo é tão diverso que é difícil encontrar algo que se aplique verdadeiramente a “todo mundo”.

Em contrapartida, a individualidade, deve ser valorizada. Ser a “vaca roxa”, como disse Seth Godin, se diferenciar na manada, é o que valoriza a pessoa, o profissional ou a empresa. Assim, continua sendo. E isso não é para “todo mundo”!