Confesso para você que a primeira vez que ouvi a palavra “neuroeconomia”, a interpretação que dei foi de algo ligado a como se relacionar com o dinheiro. Talvez tenha sido essa, ou algo semelhante, a sua primeira impressão. Então convido você a vir comigo para que eu possa mostrar o fabuloso mundo que esta nova ciência descortina em diversas situações de nosso cotidiano, no nível pessoal, profissional e empresarial.
O termo neuroeconomia foi cunhado em meados da década de 90 do século passado, e teve como primeiros estudiosos Peter Shizgal e Kent Conover que, em 1996, apesar de não tratarem explicitamente de neuroeconomia, descreveram o substrato neurobiológico do comportamento de escolha, usando ratos. O primeiro artigo sobre o tema “Neural correlations of decision variables in parietal córtex” foi publicado por Michael Platt e Paul Grimcher, em 1999, na revista Nature e usou um ponto de vista econômico para explicar como o macaco rhesus escolhia entre dois tipos diferentes de recompensas.
Já no início deste século os estudos de Colin Camerer, George Lowestein e Drazen Prelec começam e, através de uma perspectiva da economia comportamental, argumentam a favor da construção de uma abordagem neurobiológica para compreender fenômenos econômicos. Hoje, a neuroeconomia é uma disciplina emergente e com grande potencial, e já existem centenas, senão milhares de estudos em relação à tomada de decisão humana.
Em 2002, foi organizada a primeira conferência acadêmica de neuroeconomia na Universidade de Minnesota (EUA). Desde então, sociedades foram criadas, revistas editadas e congressos realizados sobre essa nova disciplina, em todo o mundo.
Neuroeconomia não é apenas a fusão da neurociência com as ciências econômicas como pode parecer inicialmente. É, na verdade, uma nova área do conhecimento que engloba e integra conceitos de muitas disciplinas como a biologia, a química, a psicologia, a matemática, dentre outras, e tem como principal objetivo alcançar resultados mais confiáveis acerca das decisões econômicas das pessoas.
Reforçando este pensamento, podemos dizer que a neuroeconomia é uma ciência nova que está voltada para os estudos do comportamento com foco nos processos neurofisiológicos, algumas vezes conscientes e, muitas outras vezes, não conscientes. A premissa básica é que o ser humano é, basicamente, irracional e movido por vieses cognitivos derivados do inconsciente, e a neuroeconomia vem tentar preencher as lacunas na compreensão do comportamento na tomada de decisões.
Para alcançar este objetivo, a neuroeconomia analisa as relações entre a organização cerebral e o comportamento das pessoas utilizando técnicas de avaliação neurocientíficas para identificar a atividade neural associada aos processos de decisão. Este conhecimento mais aprofundado sobre a especialização funcional e sobre a participação de cada região cerebral em diferentes tarefas vem contribuir para a compreensão do comportamento humano. A neuroeconomia sugere que, se nós compreendermos como a rede neural funciona, nós poderemos compreender como as decisões são tomadas.
A título de definição convirjo, de maneira alguma querendo fechar questão sobre o assunto, para o seguinte conceito:
A Neuroeconomia investiga as variáveis fisiológicas que determinam as escolhas econômicas das pessoas, analisando a tomada de decisão baseada nos processos automáticos do cérebro.