Quem acompanha o meu trabalho, já leu algum artigo ou viu algum dos vídeos, já deve ter vistos (ouvido ou lido) eu falar da importância que é sempre começar pelo “porquê”. E as neurociências nos dão base exatamente para isso…
Tenho divulgado e aplicado com grande frequência, a Técnica POC. Técnica essa que tem um grande número de indicações.
Aplicado a nossas atividades pessoais, é extremamente eficiente para acabar com a procrastinação, para desenvolver novos (e bons) hábitos é fantástica para fazer com que as atividades se tornem mais prazerosas. Da mesma forma, nas atividades profissionais, pode ser aplicada na delegação eficaz, na administração do tempo e no desenvolvimento da liderança. No nível empresarial é chave para o planejamento estratégico e muito útil na avaliação de oportunidades de negócios.
E sua aplicação é extremamente simples! Aliás, simplicidade é o auge da sofisticação. Basta você fazer, para você mesmo, para seus liderados, para seus sócios, três perguntas, obrigatoriamente nesta ordem:
1º. POR QUE devo (deve ou devemos) fazer?
2º. O QUE devo (deve ou devemos) fazer?
3º. COMO devo (deve ou devemos) fazer?
Daí o POC, um acróstico que serve como um gatilho para aplicarmos de forma correta a técnica. Se você quiser saber mais sobre a técnica em si, clique aqui e leia o artigo.
Mas hoje quero abordar porque a neurociência em suas mais diversas aplicações (neurociências!), é uma importante abordagem para entendermos os porquês das nossas decisões, atitudes e comportamentos. E quando falo “nossas” é sim: a minha, a sua, e de todas as pessoas.
Somos seres biológicos (óbvio!) e evoluímos enquanto espécie durante milhares de anos, adaptando nossa fisiologia às condições externas para garantir maior capacidade de sobrevivência e reprodução. Uma série de fatores, em tese aleatórios, fizeram que a nossa espécie chegasse ao topo da cadeia alimentar. E isso tudo se deve, principalmente, a um dos órgãos do nosso corpo: o cérebro!
É nele que encontramos as maiores diferenças estruturais com relação às demais espécies. Mesmo comparado a outros mamíferos superiores, nosso cérebro tem características que nos fazem únicos. Isso se deve, em especial, ao desenvolvimento do nosso córtex pré-frontal, responsável por funções lógicas, analíticas e de comunicação.
Pois bem, a evolução das técnicas neurocientíficas de investigação, em especial vivenciada nas últimas três ou quatro décadas, nos possibilitaram conhecer a relação entre os estímulos externos (do meio), o processamento cerebral e as consequências nas nossas reações. Passamos, neste século, a ter ferramentas para compreender as reações biológicas que afetam as nossas decisões e comportamentos.
Paralelamente, através de estudos e pesquisas realizados na área da neuroeconomia, começamos a entender que nossas decisões são muito mais irracionais do que imaginávamos. Nossas reações podem ser preditas de forma relativamente precisa em função de mecanismos cerebrais desenvolvidos durante nosso processo evolutivo, sempre com o objetivo maior de garantir nossa sobrevivência e evolução.
Desta forma, somos seres previsivelmente irracionais, movidos por heurísticas e vieses cognitivos, que afetam diretamente nosso modo de agir. E isso não é só teoria. É prática observada no nosso cotidiano. Só um exemplo… se eu lhe perguntar “Se um bastão e uma bola custam um total de $1,10 e o bastão custa $1,00 a mais que a bola, quanto custa a bola?”.
A grande maioria das pessoas, incluindo os estudantes de doutorado que foram submetidos à esta pergunta (e provavelmente você neste momento), respondem rapidamente que a bola custa $0,10. Mas esta não é a resposta correta! Pois se fosse $0,10 o bastão custaria $1,10 e a soma dos dois seria $1,20.
Para responder corretamente, temos que resolver um sistema de equações de primeiro grau (tomando x para o bastão e y para a bola):
x + y = 1,10
x – y = 1,00
A partir daí devemos isolar a variável x na primeira equação e substituir na segunda e então chegamos à resposta de que a bola custa $0,05 (bastão $1,05, soma $1,10)! Mas por que o $0,10 vem rapidamente à nossa mente? Nosso cérebro busca atalhos (heurísticas), para responder rápida e intuitivamente à questão, mesmo que de forma errada (viés). A resolução matemática é realizada por outro sistema mental, consciente, porém lento, que só é ativado com esforço (gasto energético).
Bem este é só um exemplo… O que quero demonstrar, é que é possível prever porque decidimos, o que decidimos e como decidimos, através do conhecimento do funcionamento do nosso cérebro. Ou seja, as neurociências nos permitem, referenciando a Técnica POC, entender o porquê. A partir daí tudo é consequência…
O impacto disso é que, a partir do nosso autoconhecimento, podemos tomar melhores decisões. E entender também as decisões de outras pessoas, obtendo os melhores resultados em nossos relacionamentos e atividades profissionais.
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Grande abraço e SUCESS😊!