Neuroeconomia e Coronavírus

Neuroeconomia e Coronavírus

Nas últimas semanas o Coronavírus monopolizou os noticiários. Fez governos tomarem medidas drásticas para contenção da pandemia. Mobilizou a sociedade com relação aos cuidados necessários para evitar a contaminação. Até aí tudo bem, mas…

Paralelamente a estes fatos, começamos a perceber comportamentos nas pessoas que beiram (se já não são) a histeria. E isso se transmitiu de forma muito mais rápida e talvez mais devastadora do que o vírus. Pessoas enchendo carrinho nos supermercados, brigando por um pacote de arroz, acabando com os estoques de álcool gel e máscaras de efeito contestável.

Vendo isso me propus a analisar alguns destes aspectos do ponto de vista da neuroeconomia, ou seja, buscando entender o comportamento irracional dessas pessoas que se julgam ser extremamente racionais. Este, aliás, é o fundamento da neuroeconomia: o estudo do comportamento com foco nos processos neurofisiológicos, algumas vezes conscientes e, muitas outras vezes, não conscientes. A sua premissa básica é que o ser humano é, basicamente, irracional e movido por vieses cognitivos derivados do inconsciente, na tomada de decisões.

Vamos aos fatos… Desde que foi descoberto, o coronavírus matou muito menos pessoas que acidentes de carro, ataques cardíacos, obesidade, dentre outras dezenas de causas mortis no mesmo período! Mas o que leva as pessoas a darem tamanha ênfase a esta doença? O viés da disponibilidade! Ou seja, tendemos a supervalorizar a informação que temos disponível. Como a mídia está intensamente divulgando notícias relacionadas ao corona, este assunto toma conta do cérebro das pessoas, fazendo com que seja percebido como mais perigoso do que outras doenças que são muito mais letais.

E como explicar a corrida aos supermercados? Não há nenhuma evidência de desabastecimento. A disponibilidade de produtos está muito mais normal do que em eventos (aí sim racionais) como a greve dos caminhoneiros em 2018. Mas o que faz então pessoas correrem ao supermercado? O viés da conformidade, também conhecido como efeito manada. Há uma explicação biológica para indivíduo seguir o comportamento do bando. Uma primeira ação de estocar produtos, logo divulgada pela mídia, leva a outros indivíduos reproduzirem este comportamento. Novamente não há lógica, mas uma explicação inconsciente e irracional.

Estes são exemplos de comportamentos ilógicos que passam a ser explicados pela neurociência. Agora, podemos também usar a neurociência para desenvolver os antídotos a estes efeitos? 

Respondo sim, e vou dar uma dica. Vamos focar em situação positivas

O medo do contágio, as situações de estresse geradas pelas medidas de exceção, o pânico, geram a produção de cortisol no nosso organismo. O cortisol é um hormônio que nos deixa em alerta, ativando a reação de luta ou fuga, necessária em muitos momentos para garantir a nossa sobrevivência. Entretanto, ele é oxidante, retarda processo de regeneração do nosso corpo e baixa a nossa imunidade. Isso mesmo, o medo e o estresse aumentam a chance de sermos infectados. Além disso o cortisol cria o efeito de fim de túnel, ou seja, nos foca no problema, diminuindo a criatividade e dificultando encontrar soluções.

O antídoto para o cortisol é a oxitocina: o neurohormônio do bem-estar. Ele é gerado quando fazemos coisas agradáveis como dançar, abraçar, receber presentes e fazer carinhos. Vale também apenas pensar nestas coisas e eu outras situações positivas. Como consequência, a oxitocina gera bons sentimentos como confiança, respeito, segurança, afetividade e empatia. Gera assim, bem-estar físico e emocional.

Então já fica a dica: faça coisas agradáveis e foque no positivo! Brinque com seus bichinhos, filhos e com a pessoa amada. Dê risadas, assista um bom filme, leia um bom livro. Faça coisas que lhe deem prazer. Essa, até o momento, é a melhor vacina contra o cornonavírus. Ah! Não esqueça dos cuidados higiênicos: lave as mãos, evite contato com pessoas doentes e, principalmente, desligue a TV lixo – esta que só mostra desgraça, histeria e pânico.

 

Prof. Álvaro Flores